Wednesday, November 22, 2006

O meu olhar

Não é desconhecida a minha admiração por Fernando Pessoa =) Para mim, foi sem dúvida um dos grandes poetas portugueses. Críticado por uns, admirado por outros, porém os seus versos não deixam ninguém indiferente. Hoje deixo-vos um poema pertencente à obra o guardador de rebanhos de Alberto Caeiro, a personalidade de Fernando Pessoa que mais me fascina.


II - O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Saturday, November 18, 2006

Memórias

Acordei do mais profundo sono. As memórias despertaram o meu pensamento. Pensamento vago e disperso nesse passado que ainda está presente. Lembro me perfeitamente da tua voz, do teu olhar, do teu sorriso, do cheiro da tua pele... A voz que me invadia a alma e acalmava o desasossego, o olhar doce que delineava cada contorno do meu rosto como se de uma brisa tratasse, o sorriso contagiante que espelhava a tua linda interioridade… o aroma da tua pele de fragrâncias indefinidas. Tudo isso faz parte dos meus melhores bens, das minhas memórias inesquecíveis e indescritíveis. As palavras nunca expressarão o que senti naquele momento em que o instante se tornou eterno. Nem as palavras, nem os gestos, nem mesmo o meu olhar traduzirá o que vivi e que recordo agora. Nunca, jamais…
*claudia*

Sunday, November 12, 2006

Ninguém é de ninguém

Mais do que um país
que a uma família ou geração
mais do que a um passado
que a uma história ou tradiçao
tu pertences a ti
não é de ninguém ...
mais do que a um patrão
que a uma rotina ou profissão
mais do que a um partido
que a uma equipa ou religião
tu pertences a ti
não é de ninguém ...
vive selvagem
e para ti serás alguém nesta viagem ...
quando alguém nasce
nasce selvagem
não é de ninguém
Delfins

Saturday, November 11, 2006

Hello =)*

Olá a todos!
Depois de pensar muito sobre o assunto, decidi finalmente fazer um blogg =) Confesso que vai ser um grande desafio, pois nunca fiz algo do género e penso inclusive que não levo muito jeito para a coisa, mas o que conta é a intenção e neste caso a intenção é das melhores ;) Hoje deixo-vos um poema que me faz divagar sobre o sentido de ser e parecer :P
De facto uma obra de arte...de um génio.

Depus a máscara e vi-me ao espelho.
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
o passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.

ÁLVARO DE CAMPOS

Ainda me pergunto...Será melhor com ou sem máscara?

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